‘Eu ganhei muito mais do que perdi’, diz jovem que teve couro cabeludo arrancado em acidente com kart no Recife

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Sem remorsos ao olhar para trás, Débora Oliveira sente que o escalpelamento foi mais um obstáculo a ser superado em sua vida e, em 2020, espera ter ainda mais aprendizados.

Antes de 11 de agosto de 2019, a rotina de Débora Stefanny Dantas de Oliveira não incluía consultas médicas em São Paulo e cuidados redobrados com a pele. Causadas por um acidente de kart no Recife que arrancou o couro cabeludo dela, as mudanças são como um divisor de águas para quem observa de fora, mas, na mente da jovem de 19 anos, parecem não ter a mesma dimensão.

“Eu não me sinto diferente. Ainda me sinto eu comigo mesma”, disse, deixando claro que segue tão feliz quanto estava antes da fatalidade que provocou uma guinada em seu 2019 .

Débora participava de uma corrida com o namorado em uma pista de kart dentro do estacionamento de um supermercado em Boa Viagem, na Zona Sul do Recife, quando seu cabelo prendeu na engrenagem do veículo. A pele foi arrancada desde a altura dos olhos até a nuca da jovem.

Quatro meses depois do ocorrido, Débora não transparece dor ou tristeza ao falar do que aconteceu. “O acidente foi mais uma coisa difícil na minha história”, contou, lembrando de dificuldades familiares e do período em que passou fome.

Por causa do escalpelamento, as cirurgias de reimplante capilar, reconstrução de pálpebras e transplantes de pele e músculos substituíram a rotina de trabalho, estudo e cuidado com os longos cabelos que tinha. No fim das contas, para Débora, o que sobrou foi, na verdade, o necessário.

“Como eu sempre digo, o que eu ganhei foi muito maior do que eu perdi. A gente tem esse limite de tempo. Eu penso assim: eu ganhei tempo de estar aqui. É uma oportunidade de fazer com esse tempo algo importante. Ajudar as pessoas. Poder estudar. Realizar meus sonhos”, disse.

Entre as cirurgias e consultas no Recife e em Ribeirão Preto (SP), a luta de Débora pela própria recuperação foi incentivada por mensagens de otimismo e carinho vindas de todas as partes do país. E é lembrando da empatia dos desconhecidos que as lágrimas surgem, pela única vez, em seus olhos.

“Sempre que eu encontro com alguém que diz isso para mim, eu quase choro. E assim… Eu só agradeço. Porque você que fez isso dedicou um tempo da sua vida para mim. E é uma coisa tão pura… Eu só espero retribuir tudo porque foi muito bonito. É como eu sempre digo, a humanidade é boa. As pessoas são boas. Eu agradeço muito por isso, por me mostrarem que isso é verdade, a cada dia”, afirmou.

Com quase 180 mil seguidores no Instagram, Débora não deixou de compartilhar sua rotina, que agora inclui palestras em empresas e escolas. Segundo ela, as declarações não são previamente pensadas, mas fluem de maneira orgânica, como quem relembra uma história para contar a um amigo.

Para 2020, os planos são listados com alegria. Terminar de escrever sua biografia, iniciada antes mesmo do acidente, estudar fora do Brasil e ajudar o próximo são os desejos de Débora, expressados pela fala e pelo olhar.

“Eu espero que ano que vem seja um ano parecido com 2017, que eu tenha que trabalhar, dormir 3 horas por dia pra estudar, pra aprender, pra fazer palestras, pra estar sempre nessa correria. Pra estar conhecendo lugar novo. A melhor coisa do mundo é você conhecer um lugar novo, ver pessoas novas, formas diferentes de pensar. Você agrega valores com tudo isso. Eu fico muito feliz de compartilhar esse tempo com todos”, afirmou.




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