Vendedor de cachorro-quente pede fim de doações após excesso de ajuda: ‘vamos parar que já dá para vencer a batalha’

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Suspensão das aulas na pandemia da Covid-19 afetou as vendas de Barruada em frente a escola no Recife. Ele transformou exemplo de solidariedade em lição de honestidade.

Barruada, de 72 anos, tem problemas respiratórios e apenas um pulmão 

O vendedor de cachorro-quente Joaquim Antônio trabalha há mais de 40 anos em frente a uma escola na Rua Dom Bosco, na Boa Vista, no Centro do Recife. Conhecido como Barruada, ele tirou da carroça o sustento dos três filhos. Entretanto, a suspensão das aulas devido à pandemia do novo coronavírus fez com que o dinheiro que ele tinha guardado chegasse ao fim, fazendo-o buscar ajuda. O exemplo de solidariedade virou uma lição de honestidade.

Barruada tem 72 anos e integra o grupo de risco da Covid-19, por ter problemas respiratórios e apenas um pulmão. Para buscar ajuda, teve a ideia de pegar o celular da neta e gravar um vídeo pedindo doações para a sua conta bancária. Ao saber da situação dele, alunos e outros clientes se solidarizaram com a causa e se uniram para ajudá-lo.

O movimento solidário aconteceu por meio das redes sociais. O vídeo foi postado na internet na segunda (18) e, em três horas, viralizou, após ser postado em vários grupos de ex-alunos da escola. Na quarta (20), Barruada já tinha recebido tantas doações, aproximadamente R$ 8 mil, que gravou um novo vídeo, desta vez pedindo para que as doações parassem, pois já havia conseguido o suficiente.

A segunda gravação teve o efeito contrário e as doações aumentaram. “Muita gente ligando, falando, ajudando. Eu não pensei que merecia tanto, mas graças a Deus a gente tem muito conhecimento, muita gente boa. Está difícil com a minha neta, meu filho, eu, todo mundo sem trabalhar. E a reserva que eu tinha foi embora tudo. Mas pouco, com Deus, é muito”, contou.

O vendedor lembrou que começou a trabalhar quando o filho mais velho, hoje com 40 anos, nem era nascido. Os três filhos foram criados com o dinheiro das vendas, que sumiram durante a pandemia.

“Ficou um pouco apertado porque a gente depende da venda do cachorro-quente e todos nós da família trabalhamos nisso. Devido a estar fechado, praticamente todos nós ficamos desempregados”, contou Camila Maria, neta de Barruada.

O empresário Alessandro Lacerda, ex-aluno do colégio, foi um dos que participaram dessa corrente do bem.

“Teve depósito de gente do Canadá, gente de igrejas, pessoas da turma e pessoas que não o conheciam. As doações subiram e então ele fez o vídeo. Uma pessoa tão boa, coração tão bom, tão honesto. Barruada está de parabéns. Deixa educação e honestidade para os netos e filhos. Esse é o ensinamento melhor”, afirmou.

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