País começa a receber vacina de Oxford em janeiro, diz Pazuello
Acordo com o laboratório AstraZeneca prevê a chegada de 100 milhões de doses até junho
O ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, afirmou nesta quarta-feira que o Brasil receberá, entre janeiro e fevereiro, um primeiro lote de 15 milhões de doses da vacina contra a covid-19 do laboratório AstraZeneca, desenvolvida em parceria com a Universidade de Oxford e a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).
O acordo para essa vacina, fechado por R$ 1,9 bilhão, prevê a chegada de 100 milhões de doses no primeiro semestre. Após a transferência de tecnologia, o país estaria apto para produzir outras 160 milhões de doses durante a segunda metade do ano.
Em audiência no Congresso, Pazuello fez um alerta sobre a real capacidade de os laboratórios internacionais entregarem grandes volumes de vacinas ao Brasil. De acordo com ele, quando as negociações avançam, a quantidade disponível para o estabelecimento de um cronograma confiável se mostra muito abaixo do esperado.
“Ficou muito óbvio que são muito poucas as fabricantes que têm a quantidade e o cronograma de entrega efetivo para o nosso país”, afirmou.
“Quando a gente chega no final das negociações e vai para cronograma de entrega e fabricação, os números são pífios.”
O ministro também fez críticas à propaganda feita em torno das vacinas, que sugere que já estaria tudo pronto para o início da imunização. “Na campanha publicitária, está tudo bem e maravilhoso, mas, quando você vai apertar, é bem diferente”, criticou.
“Quando você vai efetivar a compra, não tem aquilo que tu quer, o preço não é bem aquele”, completou, sem citar nenhum laboratório específico.
Pazuello ressaltou que o preço também é um fator importante para a escolha da vacina e disse que o imunizante da AstraZeneca e da Oxford terá um custo de US$ 3,75 por dose – o que, segundo ele, representa em média um terço do valor das demais vacinas.
“Quando há vacinas a US$ 18, US$ 20 a dose, nós precisamos ficar atentos. Os valores também fazem parte do nosso processo decisório”, afirmou.
Pazuello citou ainda a participação do Brasil no consórcio Covax Facility, que reúne dez laboratórios. Nesse acordo, o país teria assegurado mais 42 milhões de doses, levando o total já negociado para pouco mais de 300 milhões de doses.
O ministro disse ainda que o governo pretende lançar uma ampla campanha de conscientização, mas que não quer que a vacina seja obrigatória. Lembrou, entretanto, que a decisão caberá ao Supremo Tribunal Federal (STF).