Menina baleada no colo do padastro foi assassinada porque criminosos pensaram que ele denunciou tráfico de drogas
Conclusão do inquérito sobre a morte de Lorena Letícia, de 2 anos, foi apresenta nesta quarta (4). Bandidos tinham lista de nomes de quem seria morto por passar informações à polícia.
A menina Lorena Letícia, morta a tiros no colo do padastro no dia 7 de julho, foi atingida por criminosos que pensavam que ele tinha denunciado à Polícia Civil informações sobre o tráfico de drogas. A conclusão do inquérito sobre o assassinato da criança de 2 anos foi divulgada nesta quarta-feira (4).
De acordo com a delegada Euricélia Nogueira, responsável pela investigação desse caso, Jefferson Tavares, de 34 anos, era o alvo dos criminosos. No momento do crime, ele estava com a menina em um terminal de ônibus na Cidade Universitária, no bairro da Várzea, na Zona Oeste do Recife.
Lorena Letícia foi baleada na cabeça e no abdômen, enquanto Jefferson foi atingido quatro vezes pelos disparos de arma de fogo. Ele sobreviveu e disse à polícia, inicialmente, que foi vítima de uma tentativa de assalto.
No entanto, a investigação policial descobriu que dois criminosos tinham ameaçado Jefferson anteriormente porque pensavam que ele e outras pessoas da região estariam repassando informações sobre o tráfico de drogas para a polícia.
Os homens que atiraram foram identificados como Gabriel Matheus Alves Magno, conhecido como Biel, e Pedro Henrique Araújo de Lima, conhecido como Peu, de acordo com a polícia.
“No início das investigações, o padrasto afirmou, a gente tem isso gravado em vídeo, que se tratava de um assalto e todos os momentos a gente questionando: ‘por que um assalto em que o ladrão te persegue e efetua outros seis disparos contra você’. E [ele respondia] ‘não tenho inimizades’. Mas depois a investigação chegou na autoria e o próprio padrasto afirmou que já foi ameaçado de morte por Peu, que tinha uma lista de pessoas que pretendia matar, que estariam contribuindo com a polícia na revelação da traficância de drogas dele”, afirmou a delegada.
Gabriel foi morto dias depois do assassinato da criança pelo tio da menina morta, Jailson José da Silva, que foi preso na quinta-feira (29), com a arma do crime, segundo a Polícia Civil.
Pedro foi preso em flagrante por um roubo na casa de um comerciante, na Madalena, na Zona Oeste do Recife, na sexta-feira (29), passando também a responder pelo assassinato de Lorena e pela tentativa de homicídio do padrasto dela.
Após ter o flagrante convertido em prisão preventiva, Pedro foi levado para o Centro de Observação e Triagem Professor Everardo Luna (Cotel), localizado em Abreu e Lima, no Grande Recife.
Segundo a polícia, Pedro negou ter praticado o crime contra a criança e o padrasto e ficou em silêncio sobre o assalto ao comerciante. A delegada contou que Jefferson disse à polícia ter pedido diversas vezes que o criminoso poupasse a menina.
“No depoimento dele, ele disse que gritou: ‘Peu, olha a criança, olha a criança, deixa eu colocar a criança no chão’. Teria pedido várias vezes, quando tentou colocar a criança no chão, ela se assustou e abraçou-se no pescoço dele e o Peu, em momento nenhum, pensou duas vezes para atirar nele. Não só atirou como perseguiu e efetuou disparos, mesmo vendo Lorena nos braços do padrasto”, disse.
Além da morte de Lorena e da tentativa de assassinato de Jefferson, a polícia também investiga o assassinato de Jandoir Gomes da Silva, no dia 7 de maio. Ele era dono de uma banca de jogo de bicho e estaria na lista de pessoas a serem mortas pelos criminosos.
O crime
Lorena Letícia estava no colo do padrasto, Jefferson Tavares, e acompanhada da mãe, Sonora Letícia dos Santos, quando eles foram abordados pelos criminosos Após ser baleada, a menina foi socorrida para a Unidade de Pronto-Atendimento (UPA) da Caxangá, também na Zona Oeste do Recife, mas não resistiu aos ferimentos.
O padrasto foi baleado na mão, no braço e no abdômen. Os tiros atravessaram o corpo dele. De acordo com a família, o homem tinha um carinho muito grande pela criança, que o chamava de pai. Ele foi socorrido para o Hospital da Restauração, no Centro do Recife, e teve alta hospitalar um dia depois.