‘Disseram que ela se engasgou com mingau, depois, com cuscuz’, diz mãe de menina de 2 anos morta com sinais de violência sexual
Mulher de 50 anos foi presa por suspeita de matar Nicolly Vitória Silva Almeida. Nathália Silva Ferreira, mãe da criança, pagava R$ 400 para que a nora da suspeita cuidasse da menina enquanto ela trabalhava.
“Disseram que ela se engasgou com mingau, depois com cuscuz”. A fala é de Nathália Silva Ferreira, de 24 anos, mãe da menina de 2 anos morta com sinais de violência sexual, na sexta-feira (22), em Paulista, no Grande Recife. O corpo de Nicolly Vitória Silva Almeida tinha lesões e, de acordo com a polícia, uma mulher de 50 anos foi presa por suspeita de ter matado a criança.
Nathália saiu de casa na quinta-feira (21), para trabalhar e, ainda enquanto estava a trabalho, recebeu a notícia da morte da filha. Nesta terça-feira (26), abalada e sob efeito de calmantes, ela insistiu para conceder uma entrevista para pedir justiça pela criança.
Nathália contou que pagava R$ 400 por mês para que a nora da mulher que está presa cuidasse da filha dela. As famílias moravam no mesmo terreno e vivam juntas. A mulher presa foi identificada como Rosângela Maria da Silva. Ela teve a prisão em flagrante convertida em prisão preventiva no domingo (24), de acordo com o Tribunal de Justiça de Pernambuco.
Com a ajuda da família de Rosângela, Nathália conseguia trabalhar para sustentar os cinco filhos. Apenas Nicolly morava com ela. Os outros quatro ficam sob os cuidados das avós paternas.
“Eu falei com a babá, ‘o que foi que aconteceu?’ e ela disse ‘ela pediu o mingau’. Ela disse que ela não quis mais o mingau. Depois ela disse que foi o cuscuz. Na UPA, me falaram que o corpo ia para o IML e foi todo mundo para a delegacia. Eu, Rosângela, o filho dela e a nora. Mas só ela ficou presa, porque disseram que ela entrou em contradição”, afirmou a mãe da menina.
Foi a babá, que não teve o nome divulgado pela Polícia Civil, que socorreu a menina para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Paulista. A corporação também disse que o caso foi registrado inicialmente como morte a esclarecer e depois foi constatado que era um homicídio.
Faz quatro meses que Nathália se mudou de Ouro Preto, em Olinda, para Maranguape I, em Paulista, devido à amizade com Rosângela Maria da Silva.
“Eu peguei amor a ela, porque eu não vi maldade nela. Eu tinha saído de casa na quinta-feira, às 10h. Deixei ela com a babá. Eu pagava R$ 400 por mês para ela cuidar de Nicolly. Na sexta-feira, era umas 22h30, eu ainda ia chegar, aí Rosângela me ligou e disse ‘olha, vai para a UPA, porque a menina está muito mal’. Quando cheguei lá, nas carreiras, a menina já estava morta”, declarou.
Desempregada, Nathália Silva Ferreira vivia de pequenos trabalhos. Há um ano ela foi demitida do restaurante em que trabalhava num shopping e, sem conseguir emprego, recorria à informalidade.
“Todo mundo tratava a menina bem, com amor, com carinho. Eu pagava à nora dela para cuidar de Nicolly, mas sempre ligava para saber da menina. Porque como eu ia sustentar os meus filhos? Rosângela dizia que me considerava como filha, e minha filha como neta dela. Aí fui morar perto dela. No final, minha filha foi morta” , disse.
Advogado de defesa da suspeita do crime, Carlos Alberto Rodrigues Lima disse que tem convicção de que a mulher é inocente. Ela, que é mãe de santo, disse que, na sexta-feira, saiu com um filho para fazer um trabalho espiritual e que, devido à hora, ambos decidiram dormir num motel.
“Ela sempre descansava nesse lugar. O filho dela tinha tomado uma cerveja e ficou com medo de ser pego na blitz da Lei Seca. Eles até tiraram fotos e ele mandou a localização no WhatsApp para parentes, para que eles não se preocupassem. Depois, ela recebeu a notícia de que Nicolly estava passando mal e foi para a UPA. Antes de chegar lá, soube que a menina estava morta”, afirmou.