Acidente na Tamarineira: júri popular de motorista que matou três em colisão volta a ser suspenso e vai para o terceiro dia

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Duas testemunhas de defesa prestaram depoimento nesta quarta (16). Julgamento é retomado na quinta (17), às 9h, com o interrogatório do réu e os debates entre defesa e acusação.

João Victor Ribeiro de Oliveira se desespera durante depoimento de Miguel Filho, nesta terça-feira (15)

júri popular de João Victor Ribeiro de Oliveira, réu por dirigir bêbado, matar três pessoas e deixar outras duas feridas em um acidente de carro na Tamarineira, na Zona Norte do Recife, foi suspenso às 18h20 desta quarta-feira (16), após o depoimento de duas testemunhas de defesa. O julgamento vai para o terceiro dia, com previsão de ser retomado às 9h da quinta-feira (17).

O início do júri ocorreu na terça-feira (15) na 1ª Vara do Tribunal do Júri da capital, no Fórum Desembargador Rodolfo Aureliano, na Ilha de Joana Bezerra, na região central do Recife. A juíza responsável é Fernanda Moura de Carvalho. Até esta quarta (16), nove pessoas foram ouvidas diante do júri, formado por cinco mulheres e dois homens. No primeiro dia, sete depoimentos foram colhidos.

Na quinta-feira (17), está previsto o interrogatório do réu e, em seguida, o início da fase de debates entre a defesa e o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), responsável pela acusação. A representante do MPPE é a promotora Eliane Gaia.

Após os debates, os sete jurados que compõem o Conselho de Sentença se reúnem para decidir se João Victor é culpado pelos crimes de homicídio doloso, com intenção de matar, e tentativa de homicídio, ambos qualificados por perigo de vida e recurso que impossibilitou defesa das vítimas.

Na colisão, ocorrida em novembro de 2017, ficaram feridos o advogado Miguel da Motta Silveira Filho e a filha dele, Marcela, à época com 5 anos. O acidente também resultou na morte da esposa dele, Maria Emília Guimarães, 39 anos; do outro filho do casal, Miguel Neto, de 3 anos; e da babá Roseane Maria de Brito Souza, 23 anos, que estava grávida.

Segundo a Polícia Civil, João Victor ingeriu álcool durante horas consecutivas, misturando bebidas como cerveja e uísque.

Segundo dia do júri

O psiquiatra forense Antônio José Eça, médico perito, foi o primeiro a ser ouvido nesta quarta-feira (16). O depoimento começou por volta das 9h40, durou mais de duas horas e foi marcado por interrupções. O psiquiatra alegou que o réu é doente, tese defendida pela família.

Antônio José Eça afirmou que João Victor faz uso de álcool e drogas desde os 13 anos e que, após seis horas bebendo, ele não poderia estar lúcido quando aconteceu a colisão. “Ele passou reto, como se não tivesse um veículo na frente. Ele não estava dentro de normal e não conseguia ver as coisas como estavam acontecendo”, disse o psiquiatra.

Após um intervalo para o almoço, iniciado às 12h25, o julgamento foi retomado às 14h, com o depoimento do médico psiquiatra forense Hewdy Lobo Ribeiro. A testemunha de defesa também afirmou que o réu, além de ter dependência química, possui transtornos psicológicos como a mitomania, que faz com que a pessoa minta compulsivamente.

Defesa e acusação

O advogado Rawlinson Ferraz, que defende João Victor, avaliou que os depoimentos desta quarta-feira (16) foram importantes. “Foram ouvidas duas pessoas extremamente técnicas, comprometidas com a busca da verdade, trazendo elementos técnicos, elementos importantes, elementos psiquiátricos que ajudam a entender toda a dinâmica daquele fatídico evento que todos nós lamentamos”, disse.

Assistente de acusação, o advogado Ademar Rigueira questionou o motivo da tese da defesa, de que o réu seria inimputável por ter problemas psiquiátricos e ser dependente químico, ter sido considerada apenas três dias antes do início do júri.

“Nós estamos em um processo que já dura quatro anos, várias fases, várias defesas, vários pronunciamentos dos advogados. O acusado veio em juízo e disse que, há mais de um ano, não era usuário de drogas. E, três dias antes do julgamento, são juntados nos autos pelos advogados dois pareceres de dois psiquiatras”, afirmou o criminalista.

Ademar Rigueira também falou que constam nos autos do processo que o último internamento de João Victor por dependência química ocorreu um anos antes da colisão.

“Depois disso, não há, nos autos, nenhuma prova da incidência de João Victor do uso de drogas. E vem um perito e diz que ele é portador de uma doença mental, dependente químico e que, portanto, ele seria inimputável”, contou Ademar.

O caso

Imagens de câmeras de segurança flagraram a batida  No dia do acidente, João Victor Ribeiro de Oliveira, então com 25 anos, foi detido pela polícia. Em 27 de novembro de 2017, em audiência de custódia, ele teve a prisão preventiva decretada. A babá Roseane e a advogada Maria Emília morreram na hora. O menino Miguel morreu um dia após a colisão, depois de ficar internado.

O carro da família, uma SUV importada, era dirigido pelo advogado Miguel Arruda da Motta Silveira Filho. O outro veículo, de um modelo de luxo, estava sendo conduzido pelo causador da colisão. Ele chegou a ser levado a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), mas teve alta logo em seguida.

A batida foi tão violenta que o automóvel também atingiu um poste de iluminação pública. O carro das vítimas ficou destruído e parou no muro de um prédio. Pedaços dos dois carros ficaram espalhados pela calçada e pelo asfalto. Entre os objetos encontrados, havia brinquedos das crianças.

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