Mototaxista preso por estupros em série é apontado como autor de ao menos 12 crimes contra mulheres no Grande Recife
Uma das vítimas já tinha pego três corridas com ele antes de ser estuprada. Segundo polícia, Samuel Francisco da Silva ficava à noite perto de paradas de ônibus para oferecer serviços a mulheres.
Um mototaxista preso suspeito de uma série de estupros e roubos foi identificado como o homem que violentou ao menos 12 mulheres no Grande Recife. Segundo a Polícia Civil, Samuel Francisco da Silva foi reconhecido por todas as vítimas que o denunciaram e exames de DNA comprovaram parte dos crimes. Além dos estupros, ele foi apontado como autor de dois assaltos.
Samuel, de 29 anos, foi preso em flagrante em 21 de fevereiro, quando duas mulheres procuraram a Delegacia de Abreu e Lima denunciando terem sido vítimas de estupro. Na ocasião, o Tribunal de Justiça de Pernambuco (TJPE) converteu o flagrante em prisão preventiva.
“Essas vítimas chegaram bastante traumatizadas na delegacia. […] Quando conseguimos fazer essa prisão em flagrante, todas as vítimas reconheceram ele como autor inconteste do crime”, afirmou a delegada de Abreu e Lima, Natália Araújo.
As mulheres que denunciaram Samuel Francisco têm 16 e 48 anos. A polícia apontou que não havia um padrão entre elas. Segundo a investigação, ele atuava em Abreu e Lima, Olinda e Paulista, no Grande Recife.
O mototaxista costumava abordar as vítimas tarde da noite ou de madrugada, em paradas de ônibus. Uma das vítimas, contou a delegada, já tinha feito três corridas com ele. Foi na quarta vez que o homem a estuprou.
“Ele tinha dito o nome dele a ela. Na quarta corrida, quando a vítima já tinha adquirido confiança nele, ele levou [para um local ermo]. Foi um dos casos mais chocantes. Ele até puxou o cabelo. Em cima de uma moto, ele deu partida puxando o cabelo dela. Foi muito violento”, disse Natália Araújo.
Essa vítima foi acolhida e, segundo a delegada, está tendo acompanhamento psicológico e psiquiátrico.
“Ele se aproveitava do horário. De madrugada, o fluxo de transporte coletivo é menor, não tem tantos motoristas de aplicativo a partir da meia-noite. Ele abordava elas, dizia ‘olhe, é muito perigoso você, como mulher, estar aqui exposta’. Ele cobrava, geralmente, R$ 10 para levar a vítima até a residência”, contou a investigadora.
As vítimas, segundo apurou a polícia, ficam com medo, mas acabavam acreditando no homem e considerando o risco de ficarem sozinhas no local. Com isso, subiam na motocicleta e, no caminho, ele desviava a rota.
“Muitas vítimas questionavam a ele, mas elas não tinham como pular da moto. Aí ele desviava, do nada parava a moto, muitas vezes com a desculpa de que iria urinar. Se afastava um pouco e, quando voltava, já vinha com a arma em punho”, relatou a delegada.
Exame de DNA e investigação
Os policiais estiveram em todos os locais denunciados pelas vítimas de estupro em busca de imagens que mostrassem o homem abordando as mulheres. Foi assim, também, que os policiais conseguiram saber por onde ele circulava e fazer a prisão em flagrante, em fevereiro.
Além disso, um dos pontos que ajudaram a polícia a ter certeza de que Samuel Francisco praticou os estupros foi a coleta de material genético de parte das vítimas de estupro. Algumas das mulheres, como procuraram logo em seguida a polícia, foram ao Instituto de Medicina Legal (IML), no Recife, para perícia.
“[Esse material das vítimas] foi confrontado com o material genético colhido na ocasião da prisão em flagrante dele. Teve uma atuação excepcional do Instituto de Genética, que conseguiu mapear o material DNA dele e confrontar com o material genético colhido das vítimas. [Assim,] foi possível obter uma prova inconteste de que ele é o autor dos crimes”, declarou a delegada.
O gestor em exercício do Instituto de Genética Forense Eduardo Campos, Josué Jeyzon Valeriano, ressaltou que a rapidez com que as vítimas procuraram a polícia auxiliou na realização da comparação dos materiais para identificação do homem.
“Com o passar do tempo, você pode ter perda desse material. Quanto mais rápido há a procura das autoridades, maior a probabilidade de sucesso de identificar esses casos”, disse Valeriano.
Com autorização da Justiça, a polícia conseguiu que a foto de Samuel Francisco fosse divulgada. A Polícia Civil orientou que mulheres que tiverem sido vítimas dele procurem a Delegacia de Abreu e Lima ou a mais próxima de casa para fazer a denúncia.