Pais de menina que morreu em Porto de Galinhas pedem afastamento de PMs das ruas, mas governo tira equipe apenas de Ipojuca
Familiares de Heloysa Gabrielly, de 6 anos, baleada há uma semana, se reuniram com o governador Paulo Câmara, nesta quarta (6).
Os pais e tios de Heloysa Gabrielly, de 6 anos, que morreu após ser baleada em Porto de Galinhas, no Grande Recife, se reuniram, nesta quarta (6), com o governador Paulo Câmara (PSB). Eles pediram o afastamento das ruas da equipe que atuou na ação do Batalhão de Operações Especiais (Bope). No entanto, o governo garantiu a saída dos PMs apenas de Ipojuca, onde fica a praia.
A morte da criança ocorreu na quarta (30), quando a criança estava brincando no terraço da casa da avó, na comunidade de Salinas, em Porto de Galinhas. Moradores afirmam que os PMs do Bope chegaram atirando. O estado disse que houve confronto com suspeitos de tráfico de drogas.
Por causa da morte, moradores fizeram vários protestos. Porto de Galinhas teve também cenas de vandalismo e o comércio fechou. Turistas disseram ter ficado “ilhados”.
A família de Heloysa chegou ao palácio às 15h37 acompanhada dos advogados do Gabinete de Assessoria Jurídica às Organizações Populares (Gajop) e da Articulação Negra de Pernambuco (Anepe). O grupo entrou pela porta principal e subiu as escadas dentro do prédio para um encontro a porta fechadas.
Participaram o governador e os secretários de Políticas de Prevenção à Violência e às Drogas, Cloves Benevides, e de Justiça e Direitos Humanos, Eduardo Figueiredo. Após meia hora de conversa, o pai da menina, Wendel Fernandes, se disse satisfeito com o que ouviu no encontro.
“Só queremos Justiça. Estamos com total apoio do estado, que vai nos dar a Justiça o mais rápido possível. Eles nos passaram a confiança de que não vai ficar impune essa morte da minha pequena Heloysa. Disseram que vão dar o andamento o mais rápido possível para que isso seja esclarecido”, disse.
O governador Paulo Câmara não deu entrevista sobre o assunto. Por nota, governo disse que se solidariza com os pais de Heloysa e que o governador escutou o que eles tinham a dizer e assegurou que a investigação será rigorosa e rápida.
De acordo com a advogada Maria Clara D’Ávila, do Gajop, os pedidos dos familiares de Heloysa e das entidades de direitos humanos foram formalizados por meio de ofício e o governo se comprometeu a acompanhar os familiares da menina no que eles precisarem.
“Apresentamos especificamente três pedidos. O primeiro foi o afastamento dos policiais envolvidos com o caso. O segundo para que o governo se comprometa com a apresentação de um plano de redução de letalidade policial no estado e, por fim, a retirada gradual desses batalhões de operações especiais que estão causando excessos e os abusos policiais”, afirmou.
A advogada da Anepe, Priscilla Rocha, afirmou que também foi definido durante o encontro o atendimento para a família de Heloysa pelo Centro Estadual de Apoio as Vítimas de Violência (Ceav), voltado para familiares de vítimas de Crimes Violentos Letais Intencionais (CVLI). “Foi realizada essa troca de contatos e a família vai receber esse apoio psicológico e assistencial”, destacou.