Após seis meses internado devido à Covid-19, aposentado se recupera de sequelas com ajuda da família em casa

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José Soares, de 64 anos, teve a forma grave da doença e passou, apenas na UTI, 55 dias internado. Durante 22 deles, ficou intubado.

José Soares, de 64 anos, ao lado do filho mais novo, de 7 anos

As sequelas da Covid-19 podem durar meses e foi isso que aconteceu com o aposentado José Soares, de 64 anos. Ele passou seis meses e 13 dias internado em um hospital, com a forma grave da infecção. Após voltar para casa, iniciou a recuperação das sequelas, ao lado da esposa e do filho mais novo, de 7 anos.

“O trabalho está sendo bem-feito e a melhora é diária, o pior já passou. […] Foram muitas [complicações], muitas mesmo. Cada uma mais difícil que a outra. Mas a fé inabalável fez a gente vencer”, disse o aposentado.

No período de internação, José Soares passou 55 dias na Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Durante 22 deles, ficou intubado. Ainda no hospital, ele reaprendeu ações como deglutir, tomar água e fazer movimentos básicos com o corpo.

“Na hora que ele chegou e me falaram que ia ficar internado, você não tem noção do caminho que essa doença vai fazer você percorrer. Então, você imagina que é como se fosse uma doença normal, que você vai internar, tomar remédio e vai voltar para casa”, contou a decoradora de festas Tatiana Fonseca, esposa de José.

Ela relatou que ficou pensando como havia sido para o marido receber a notícia, sozinho no hospital, de que iria ser intubado. “Eu imaginava e pedia a Deus: ‘Eu preciso que meu marido saiba que eu estou aqui e que você me dê o direito dele olhar pra mim mais uma vez'”.

Aos poucos, o pernambucano nascido em Exu, no Sertão do estado, foi melhorando e superando a fase mais crítica da doença.

“Ele teve um quadro de insuficiência respiratória e foi intubado, evoluiu para uma insuficiência renal, depois para […] o que a gente chama de choque séptico, é uma infecção generalizada”, explicou o médico pneumologista Jesus Gandara, que esteve na equipe de cuidados de José.

O aposentado tem comorbidades como diabetes, hipertensão e obesidade, que contribuíram para a gravidade do caso. A esposa de José contou que começou a ver a reação do marido quando, uma vez, cantou e ele abriu os olhos. O processo de recuperação foi longo e passou por várias fases, segundo Tatiana.

“Ele começou a aprender a engolir, a comer pastoso, a comer comida normal, a tomar água. Começaram a voltar os movimentos dos dedos, porque antes ele não mexia nada do corpo. De repente, ele foi mexendo a mão, levantando o braço, pedalando, sentando… E eu fui mostrando para ele também o tempo todo: ‘Está vendo que dá certo?'”, relatou a esposa.

O dia da alta do hospital foi de emoção para a equipe que cuidou de José e comemorou a recuperação dele e, principalmente, para Tatiana, que ganhou um presente de aniversário.

“A notícia da alta foi uma emoção muito grande, bem no dia do meu aniversário. A gente pensa que Deus está demorando, ele estava caprichando. O melhor presente da minha vida”, disse.

Em casa, José contou que não conseguiria ter enfrentado a doença se não fosse o apoio da esposa.

“Essa sim é uma verdadeira guerreira, ela quem me puxou do lado de lá para cá. ‘O passo verdadeiro que se pode dar na vida é criar no coração um amor que dure toda a vida’. Isso é um laço que não vai acabar nunca”, disse o aposentado, citando um trecho da música “Vivência”, de Jorge de Altinho.

Para a esposa, o período de luta do marido contra a doença ensinou lições valiosas sobre a vida. “Um outro jeito de ver a vida. A gente aprende que os momentos têm que ser aproveitados mesmo a cada segundo, que o ‘eu te amo’ tem que ser dito e demonstrado a cada instante”, declarou.

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