‘Ela acordou falando frases de motivação para os pais’, diz médico que ajudou a salvar menina atacada por tubarão em Noronha
Leandro Crespo estacionava um buggy, quando ouviu pedidos de socorro e auxiliou no socorro, ainda na areia, de Nicole. Garota, de 8 anos, teve perna amputada e foi transferida para SP.
O cirurgião Leandro Crespo, de Niterói (RJ), estava de férias em Fernando de Noronha com a família quando uma menina de 8 anos foi atacada por um tubarão, na sexta-feira (28), e teve a perna amputada. Ele foi um dos médicos que ajudou a salvar a vida de Nicole. Neste sábado (5), ele contou ao g1 como foi o socorro.
Chefe de cirurgia em um hospital particular de Niterói, Leandro Crespo contou que trabalha com emergência há 30 anos, mas que o socorro feito em Noronha foi marcante e inusitado. O que mais o deixou impressionado foi quando a garota, Nicole, começou a dar sinais de vida.
“O que mais marcou, por incrível que pareça, foi quando ela acordou falando frases de motivação para os pais. Aquilo ali me deu a certeza de que nós conseguimos [cumprir] a missão. Dali eu falei: agora, essa mocinha está viva. E a gente conseguiu com que os pais pudessem estar com ela presente hoje”, declarou.
“Ela confortava mais os pais do que os pais a ela”, declarou.
Da praia do Sueste, onde ocorreu o ataque, a menina foi levada para o Hospital São Lucas, o único de Fernando de Noronha, e depois foi transferida ao Recife (saiba mais sobre o caso abaixo).
Pedido de socorro
O médico estacionava um buggy para conhecer a praia do Sueste, quando ouviu pedidos de socorro e ajudou no salvamento da garota.
“Ela estava no chamado estado de choque hipovolêmico. Foi um período de segundos, que vira minutos e que parece virar horas na cabeça da gente”, lembrou.
Crespo contou que, quando ouviu o pedido de socorro, achou que se tratava de um caso de afogamento. “Quando falaram que era tubarão já acendeu um alerta. A gente viu que era uma criança e me deparei com aquela cena, realmente que assusta até a gente”, disse.
O médico relatou que, após o socorro, ficou uma relação de carinho com a paciente e os familiares dela. “A gente cumpre a missão, que faz parte do nosso dia a dia, mas a gente cria uma relação de carinho boa. Vale a pena quando a gente faz aquele juramento na formatura, de que não importa o lugar que você esteja, você é médico 24 horas”, contou.
Crespo, que tem uma filha com o mesmo nome da menina, estava ainda acompanhado da esposa, e das duas filhas e do genro que estudam medicina. “Que sirva de exemplo do que é a profissão médica. Estar naquele momento intenso, principalmente no transporte, que a gente não sabia se tinha sangue suficiente”, observou.
O médico segue acompanhando à distância o tratamento de Nicole, que foi transferida na quinta (3) para o Hospital Albert Einstein, em São Paulo. Ela estava internada no Hospital Português, no Recife, desde o dia do incidente com o tubarão.
“A evolução está cada vez melhor. Existem algumas sequências cirúrgicas que têm que acontecer mesmo até a cicatrização daquela área. Vamos torcer para que ela vá para casa o mais rápido possível”, frisou.