Ex-morador de rua no Recife vira voluntário do projeto que o ajudou a mudar de vida

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‘Eu pretendo mesmo é ter um cantinho para mim, onde eu possa todo dia acordar e ver que aquilo ali é meu’, diz Edmilson Santos, que morou nas ruas durante oito meses.

Durante a pandemia da Covid-19, algumas ações foram criadas para ajudar as pessoas em situação de vulnerabilidade. Foi em uma marmita solidária promovida pelo Coletivo Unificados pela Pessoa em Situação de Rua, que Edmilson Santos, de 55 anos, viu a chance de o rumo da sua vida começar a mudar.

Morador de rua por oito meses, o ex-cuidador de idosos contou que recebeu apoio da ação que passou a funcionar no prédio do antigo Liceu de Artes e Ofícios de Pernambuco, localizado no Centro do Recife. O projeto vai além das marmitas solidárias e oferece também roupas e calçados, além de atenção e carinho aos moradores de rua.

“A gente atende uma média de 80 pessoas por dia nesse local e tem cadastradas quase 700 pessoas, a maior parte em situação de rua. Edmilson é mais uma dessas pessoas que têm sido olhada com mais cuidado para que a gente consiga superar essa trajetória de rua”, declarou Rafael Araújo, coordenador da ação.

Foi nesse local que Edmilson conheceu Gustavo do Vale, voluntário do projeto que o acolheu. “Quando eu fui conversar com ele na primeira vez e perguntei se ele iria entrar naquele momento, ele me disse: ‘deixa o pessoal que está com fome entrar primeiro, depois eu vou, tem comida para todo mundo’. Esse momento me chamou atenção e fui procurar conhecer um pouco mais da história dele. Aí percebi que ele é uma pessoa muito tranquila e tem muito potencial para sair daquela condição”, contou Gustavo.

A amizade entre os dois rendeu frutos que Edmilson sonhava há muito tempo: um novo emprego. “Ele é um profissional que conquistou a equipe. Quando ele chegou aqui, ninguém sabia da condição inicial dele. Ele foi conquistando, com o jeitinho dele, todo mundo que trabalha aqui. Ele é muito trabalhador e, hoje, é uma pessoa referência dentro da empresa, tanto de trabalho como de superação de vida”, disse Gustavo.

Depois do emprego com carteira assinada como auxiliar de serviços gerais, Edmilson passou a morar em uma quitinete alugada pela Pastoral do Povo de Rua, da Arquidiocese de Recife e Olinda.

“Quando eu me deitei pela primeira vez nesta cama, eu acho que meu corpo rachou por completo. Eu dormi a noite toda. A gente não dorme na rua. Quando eu entrei no banheiro e liguei o chuveiro, tomei um banho que foi para descarregar tudo e aí eu me senti outra pessoa”, contou.

Para ele, a nova vida é um recomeço que ele quer compartilhar com outras pessoas que precisam de ajuda. Ele resolveu virar voluntário do projeto que o ajudou a voltar a sonhar.

“Eu pretendo mesmo é ter um cantinho para mim, uma casa, onde eu possa todo dia acordar e ver que aquilo ali é meu e eu posso sair e entrar sem desconfiança nenhuma”, afirmou Edmilson.

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