Idoso morre à espera de UTI após ser internado com influenza em UPA no dia 26 de dezembro

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Israel Fernandes de Lira estava internado na UPA de Nova Descoberta, na Zona Norte do Recife. Ele morreu no sábado (8) e foi sepultado neste domingo (9).

À espera de um leito de UTI, um idoso de 76 anos morreu na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Nova Descoberta, na Zona Norte do Recife. Israel Fernandes de Lira foi internado no dia 26 de dezembro com insuficiência respiratória e teve diagnóstico de influenza A H3N2.

De acordo com o assistente de recursos humanos Douglas Brito, sobrinho do paciente, os sintomas pioraram no mesmo dia em que o idoso deu entrada no local, quando a saturação de oxigênio no sangue do idoso baixou consideravelmente.

“Foi aí que disseram que ele precisava de uma UTI para ser tratado, porque ele não conseguia respirar sem máscara de oxigênio. Ficamos com uma senha da Central de Regulação de Leitos, esperando a abertura de uma vaga”, afirmou o sobrinho de Israel.

De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde (SES), o quadro do idoso se agravou e ele morreu na manhã de sábado (8), ainda na UPA de Nova Descoberta. Ele foi enterrado na manhã deste domingo (9), no Cemitério de Santo Amaro, no Centro do Recife.

Israel Fernandes de Lira era diabético, tinha tido as duas pernas amputadas e era transplantado de um rim, sendo, assim, paciente renal crônico.

Na quarta-feira (5), os parentes chegaram a registrar uma notícia de fato no Ministério Público de Pernambuco (MPPE), pedindo que o órgão solicitasse esclarecimentos à SES sobre a demora na abertura de uma vaga.

“No dia seguinte, recebemos a resposta via MPPE da Secretaria de Saúde dizendo que não podiam fazer nada porque, naquele momento, havia 210 pessoas na fila por um leito de UTI”, afirmou Douglas Brito.

Nesse dia, segundo os dados da Secretaria de Planejamento e Gestão (Seplag), houve 421 pedidos de internação de pessoas com sintomas de Covid-19 ou de influenza, sendo 191 por UTI e 230 por enfermaria.

O total de solicitações é o maior registrado desde 26 de maio de 2021, quando houve 437 pedidos, sendo 319 de UTI e 118 de enfermaria.

Por meio de nota, a SES informou que Israel “recebeu toda a assistência da equipe multiprofissional ao longo do internamento” e que, na quinta-feira (6), teve uma piora e precisou ser intubado. Mesmo assim, seguiu na UPA, que, segundo a secretaria, tem estrutura de suporte respiratório “para pacientes em quadros mais graves serem assistidos enquanto aguardam vaga em leito de UTI”.

A secretaria informou, ainda, que a Central de Regulação de Leitos monitorava o caso, mas que, diante da saturação do sistema de saúde pela pandemia de Covid-19 e a epidemia de Influenza A H3N2, está usando o Escore Unificado para Priorização de acesso a leitos de terapia intensiva, para decidir quem tem prioridade para a transferência para um leito.

A priorização das transferências para UTIs, segundo a SES, é realizada a partir de análise entre o médico solicitante e o médico regulador, levando em consideração a gravidade do caso, a estrutura de saúde disponível e a qualidade do suporte clínico nas unidades de saúde onde cada paciente se encontra.

Reclamações

Segundo Douglas Brito, sobrinho do paciente, houve negligência no atendimento ao idoso. “Ele entrou na UPA com uma camisa azul e, depois, uma pessoa que trabalha lá disse que até o fim sequer trocaram a roupa dele. Não mudaram ele de lugar, tanto que ele adquiriu escaras, feridas bem grandes nas costas”, afirmou.

Ele disse, ainda, que a comunicação da família com a equipe de saúde era bastante difícil.

“Por ser transplantado, ele precisava tomar os remédios para que o corpo não rejeitasse o rim. Ninguém sabia dizer se ele estava tomando os remédios. Não houve um médico que acompanhasse o caso dele. Sempre era alguém que ia se inteirar da situação para nos dizer. Ele estava largado dentro da unidade”, disse Douglas.

Por fim, a família afirmou que pretende aciona medidas judiciais sobre o caso. “Ele morreu por negligência da UPA. Hoje, após enterrá-lo, não temos outro sentimento que não seja revolta e indignação”, afirmou.

g1 também questionou a administração da UPA de Nova Descoberta sobre as denúncias de negligência, mas não obteve resposta até a última atualização desta reportagem.

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