Irmão de criança executada dentro de casa em Barreiros presta depoimento
O jovem de 20 anos não estava na casa no momento do crime, mas vive na comunidade e acompanha o trabalho do pai, o líder rural Geovane da Silva Santos. Governo assinou dinheiro para ações no campo.
A Polícia Civil ouviu, nesta quarta (16), o irmão da criança executada dentro de casa, em Barreiros, na Zona da Mata Sul de Pernambuco. O jovem de 20 anos não estava na casa no momento do crime, mas vive na comunidade e acompanha o trabalho do pai, o líder rural Geovane da Silva Santos, que ficou ferido. O depoimento começou às 15h e durou duas horas.
Também estava previsto para esta quarta o depoimento da irmã de menino, de 15 anos, que estava na casa no momento do assassinato. O depoimento foi remarcado, mas a polícia ainda não informou a nova data.
O depoimento do jovem foi colhido pelo delegado de Barreiros, Thomas Nascimento, que trabalha nas investigações do caso com o delegado de homicídio de Palmares, Marcelo Queiroz.
As investigações são acompanhados pelo Ministério Público de Pernambuco (MPPE), por entidades de defesa de direitos humanos, Comissão Pastoral da Terra (CPT) e Federação dos Trabalhadores na Agricultura de Pernambuco (Fetape). Geovane prestou o primeiro depoimento na segunda (14), na Delegacia da cidade. A mãe do garoto também foi ouvida.
Em nota, Governo de Pernambuco afirmou que tem atuado de maneira integrada no enfrentamento de conflitos agrários no estado, em especial, na região onde Jonatas foi executado.
Disse também que todas as denúncias e ofícios recebidos sobre esse tipo de conflito nessa região de Barreiros foram encaminhados à Secretaria de Justiça e Direitos Humanos.
O governo acrescentou que, no ano passado, fez oito reuniões com representantes da CPT, da Fatepe e de outras entidades e que ofereceu aos parentes de Jonatas a inclusão no programa de proteção a testemunhas.
Jonatas Oliveira, de 9 anos, foi assassinado quando estava embaixo da cama com a mãe, na noite de quinta (10), no engenho Roncadorzinho, na zona rural do município, considerada área de conflito agrário.
Há dois anos o pai dele preside a Associação de Moradores do engenho. No dia do assassinato do filho, Geovane levou um tiro no ombro e teve alta após atendimento médico. Os nomes da mãe e dos irmãos de Jonatas não foram divulgados.
Decreto
Nesta quarta, o governador Paulo Câmara (PSB) assinou um decreto que destina R$ 2 milhões para a criação do Programa Estadual de Prevenção de Conflitos Agrários e Coletivos (PPCAC).
O programa pretende concentrar a política pública de apoio às pessoas ameaçadas por sua atuação na defesa de minorias e em causas como os conflitos rurais em todo o estado.
Segundo o governo, atualmente, “45 lideranças rurais e suas famílias estão sendo acompanhadas pela SJDH. Com o PPCAC, a capacidade de atendimento será multiplicada em cinco vezes”.
Entre as medidas estão a inclusão de lideranças no programa de proteção e a instalação de câmeras de segurança nas residências dos ameaçados, realização de rondas policiais diárias e mediação das questões processuais junto ao Poder Judiciário.
Por meio de nota, o governador disse que o “governo não vai tolerar perseguições, atos de violência e ameaças contra pessoas que estão lutando por seus direitos e os de seus pares”.
Repercussão
O promotor de Justiça de Barreiros, Júlio César Cavalcanti Elihimas, disse que o assassinato de Jonatas Oliveira, de 9 anos, é “típico de atividade de grupo de extermínio e pistolagem”