Mãe diz que menina esmagada por placa de concreto do metrô reage à voz dela: ‘apertou a minha mão e mexeu as duas perninhas’
Segundo Hospital da Restauração, Kemilly Kethelyn segue intubada e internada em estado grave, mas estável. Garota foi atingida durante uma festa de Dia das Crianças no Recife.
A menina Kemilly Kethelyn Lino da Silva, que foi esmagada por uma placa de concreto que compõe o muro do metrô do Recife, chora e reage a estímulos, contou a mãe dela, Caroline Pereira da Silva, nesta segunda-feira (18).
O acidente aconteceu no sábado (16), durante uma festa promovida pela ONG Mão Amiga, para celebrar o Dia das Crianças.
“Ela ainda está com o rostinho todo inchado. Eu conversei com ela. Chamo-a de neném em casa. E eu disse ‘neném, mamãe está aqui’ e ela começou a chorar. Eu disse ‘chore não, que logo mais você vai para casa, para brincar com a sua irmã’”, afirmou a mãe.
“Aí ela apertou a minha mão e mexeu as duas perninhas, mexendo com os pés”, completou.
Kemilly, de 8 anos, passou por uma cirurgia na pelve na madrugada do domingo (17). De acordo com o Hospital da Restauração, no Centro da cidade, a menina segue internada em estado grave, mas estável, nesta segunda-feira. Ela também segue intubada.
O muro que caiu por cima da garota é de responsabilidade da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU). Em nota emitida nesta segunda, companhia lamentou o ocorrido, afirmou que entrou em contato com a família da garota e informou “que está investigando a causa do acidente”. A CBTU disse, ainda, que os muros passam por vistoria e reparos periodicamente.
No domingo (17), uma tábua foi colocada para tapar o buraco deixado pela placa. Ao lado da estrutura que caiu, é possível ver outras placas deterioradas, com ferros à mostra, apesar do que relatou a companhia.
“Quando fui visitar ela lá no Hospital da Restauração, havia dois seguranças e uma assistente social da CBTU. Eles falaram com meu marido, dizendo que vão dar todo suporte. Meu marido vai hoje [segunda], para resolver, na Estação Werneck [na Zona Oeste do Recife, onde funciona a sede regional da CBTU]”, disse Caroline Pereira da Silva.
Kemilly, segundo o HR, sofreu politraumatismo. De acordo com os parentes, a menina sofreu fraturas no crânio, na coluna, nos pés e na pelve, onde foi feita uma cirurgia.
A família da menina mora na comunidade do Papelão, que fica no bairro do Coque, região central do Recife. O projeto do qual ela participa atende 120 famílias em situação de vulnerabilidade social. O Coque é o bairro do Recife com o pior Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da cidade, com 57% dos moradores vivendo com renda mensal entre R$ 130 e R$ 260.
Na região, são poucos os espaços de lazer disponíveis para as crianças. Por isso, segundo os responsáveis pela ONG Mão Amiga, a festa foi realizada na Avenida Central, em frente ao muro do metrô, que corta a comunidade. A família de Kemilly, agora, pede que haja manutenção na estrutura do metrô.
“Meu esposo disse: ‘o que eu estou querendo é a saúde da minha filha, não quero indenização nem nada’. E eu também disse que queria que eles fizessem manutenção nas placas, porque essas placas são muito antigas e estão caindo aos poucos, uma por uma. Caiu uma próxima. A gente tem que ter cuidado, para que o que aconteceu com a minha filha não aconteça com outras crianças”, declarou.
De acordo com os moradores da região, o muro estava bastante danificado e, em alguns trechos, já tinha desabado. A menina estava em pé, na calçada, quando a estrutura desabou. Por pouco, outras crianças, que estavam almoçando junto com Kemilly, também não foram atingidas.
Kemilly foi levada para o Instituto de Medicina Integral Fernando Figueira (Imip), no bairro dos Coelhos, unidade de saúde mais próxima do bairro do Coque. Lá, foram feitos os primeiros socorros e a menina foi transferida para o Hospital da Restauração.
Segundo testemunhas, Kemilly Kethelyn Lino da Silva foi atingida pelo muro por volta das 13h do sábado (16).