Mais de 14 mil servidores municipais e estaduais receberam auxílio emergencial sem ter direito, diz MPPE
Estimativa do Ministério Público é de que R$ 9.965.400 tenham sido pagos de forma irregular a esses servidores.
Em Pernambuco, 14.170 servidores estaduais e municipais, entre ativos e inativos, receberam, de forma indevida, o auxílio emergencial liberado pelo governo federal durante a pandemia. Segundo o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) e o Núcleo de Inteligência do Ministério Público (Nimppe), essas pessoas, mesmo sem ter direito, constam na base de dados.
De acordo com o Ministério Público de Pernambuco (MPPE), a estimativa é de que R$ 9.965.400 tenham sido pagos de forma irregular a esses trabalhadores. Os servidores públicos que receberam o dinheiro mesmo sem ter direito constavam nas folhas de pagamento do poder público no mês de abril.
O levantamento foi feito a partir de um cruzamento de dados entre as folhas de pagamento e o banco de dados dos contemplados pelo auxílio. O Ministério Público informou, ainda, que este ainda é um levantamento preliminar, que, posteriormente, será disponibilizado aos promotores de Justiça de cada município.
Esses promotores, então, serão responsáveis por dar andamento às apurações, com o auxílio do Gaeco e do Nimppe. O MPPE afirmou, ainda, que as pessoas identificadas podem ter sido vítimas de fraudadores, que usaram seus dados, ou o próprio servidor pode ter cometido a irregularidade.
Petrolina, no Sertão, e Saloá, Pesqueira e Garanhuns, no Agreste, são as que têm o maior número de servidores que, mesmo sem direito, receberam o auxílio irregular. Também foi constatado que, em 155 municípios pernambucanos, pelo menos um servidor recebeu auxílio emergencial.
O G1 questionou o MPPE sobre a lista detalhada dos nomes de servidores e da quantidade de auxílios concedidos irregularmente por município, mas, até a última atualização desta reportagem, não obteve resposta.
Outros levantamentos
Em julho, um levantamento da Superintendência da Controladoria Geral da União (CGU) em Pernambuco apontou que cerca de 30 mil pessoas receberam irregularmente o auxílio emergencial pago pelo governo federal.
Os dados, compilados até junho, mostram que foram beneficiados empresários, donos de veículos de luxo e lanchas, além de servidores públicos e militares. A CGU estima que os danos aos cofres públicos chegaram a R$ 20 milhões em um mês.
Em julho, um cruzamento de dados feito pelo Tribunal de Contas do Estado (TCE-PE) e pela Controladoria Geral da União (CGU) identificou que 15.061 servidores públicos de Pernambuco receberam o auxílio. A quantia, paga de forma irregular a esses profissionais, foi de R$ 10,4 milhões.