‘Tive medo não e tomei com muita alegria’, diz idoso de 115 anos ao ser vacinado contra a Covid-19

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Antônio Manoel da Silva nasceu em 10 de janeiro de 1906. Na manhã desta terça-feira (23), ele recebeu a primeira dose da vacina contra o novo coronavírus em casa, em Paulista.

Um idoso de 115 anos recebeu a primeira dose da vacina contra a Covid-19 em Paulista, no Grande Recife, na manhã desta terça-feira (23). A imunização de Antônio Manoel da Silva foi comemorada pelos parentes e por ele, que permanece ativo, lúcido e falante em seu mais de um século de vida.

“Tive medo não e tomei [a vacina] com muita alegria. Agora eu quero dizer que meu sonho é conhecer o Luciano Huck. Pede para ele vir falar comigo”, declarou, em tom alegre, Seu Antônio, que nasceu no dia 10 de janeiro de 1906.

Durante todo o momento em que a equipe de vacinação esteve na casa onde o idoso mora, no bairro de Maranguape II, Seu Antônio posou para fotos e distribuiu sorrisos.

Por volta das 11h, após ter recebido o imunizante, ele passou a contar sobre a vida de agricultor no interior pernambucano. Seu Antônio nasceu e viveu a vida toda em Bonito, no Agreste do estado. Com orgulho nas palavras, disse que nunca precisou trabalhar para ninguém e sempre vendeu o que plantava.

Seu Antônio foi criado na terra dos pais. E foi assim também que ele criou todos os filhos, no terreno que anos depois virou dele. “Tive 18 filhos no primeiro casamento e sete no segundo. Os netos e bisnetos nem sei mais quantos são, mas é um bocado de gente”, contou.

Ele e a esposa, Josefa da Conceição, de 66 anos, se mudaram para a Região Metropolitana do Recife em 2020, ano em que começou a pandemia da Covid-19. “Meus filhos já pediam tem tempo, que eu saísse de lá e viesse para mais perto. Vendi o que ainda tinha e vim com Zefa”, afirmou.

Sobre a pandemia, Seu Antônio declara que é um “tempo curioso, que todo mundo precisa ficar longe, que não tem chamego”. Com uma boa memória, ele se recorda de outras vezes em que a vida se mostrou difícil em meio a tantas mortes.

“Me lembro muito das guerras. A Primeira [Guerra Mundial] foi a que chegou quando eu ainda era menino moço. Os homens iam tocando trombeta pelo meio da cidade, anunciando que o Exército precisava de gente. Só iam os pais de família, os garotos não iam, não. Mas pai não queria, não ia deixar minha mãe sozinha com um monte de filho e uma terra para plantar. Ele se escondeu dentro do rio que ficava perto da nossa casa, ficou só com a cabeça de fora, botou um monte de planta por cima, por todo canto. E ficou lá até a gente avisar”, contou.

No Agreste, as lendas e a história de Virgulino Ferreira da Silva, o Lampião, também habitaram a imaginação de Seu Antônio. “Me lembro é muito de como a gente vibrava. Tinha medo, mas era uma danação. A gente não tinha o que fazer igual tem hoje. A gente andava e conversava”, disse.

Dos tempos passados, o que Seu Antônio relatou que não sente saudade é de andar a pé. “Hoje em dia, nós temos transporte. Naquele tempo, a gente andava a pé e era isso. Tudo a pé, não existia carro, não. Era tudo difícil. Só quem tinha um carro era milionário. Era um tempo ruim, não era tempo bom não”, afirmou.

Seu Antônio mora com Josefa em uma casa perto dos filhos. O relacionamento, segundo ele, é uma das coisas da vida que o mantém feliz. “A gente é dois corações juntos. Nunca batemos boca, nunca discutimos, já não tem mais desavença. É viver a vida com tranquilidade. Eu peço que Deus conserve a gente assim até a hora de se acabar”, declarou.

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