Tristeza e solidariedade marcam dia seguinte a incêndio destruir palafitas; moradores vão receber indenização
Integrante de um projeto no local, Pedro Pirrita estima que entre 35 e 40 famílias perderam tudo. A Prefeitura do Recife não disse o número estimado de família cadastradas.
O clima é de tristeza e solidariedade, neste sábado (7), no local onde um incêndio destruiu palafitas no manguezal da Bacia do Pina, na Zona Sul do Recife. Equipes da Prefeitura do Recife realizam a limpeza do local, emissão de documentação e transporte das pessoas para a casa de parentes. Integrante de um projeto no local, Pedro Pirrita estima que entre 35 e 40 famílias perderam tudo.
Por nota, a Prefeitura do Recife disse que, ainda na sexta (6), disponibilizou refeição para os moradores, fez o cadastro das famílias cujos imóveis foram atingidos e anunciou o pagamento de uma indenização no valor de R$ 1. o executivo municipal não disse o número estimado de família cadastradas até a última atualização desta reportagem. A prefeitura disse, ainda, que nenhuma família optou por ir para o abrigo municipal disponibilizado.
Segundo Pirrita, o incêndio destruiu aproximadamente 40% das casas da comunidade ribeirinha. Enquanto os garis da prefeitura limpavam o que conseguiam a pé, o Ecobarco era usado para limpar onde eles não conseguiam chegar.
Também era grande a movimentação de gente doando alimentos e cestas básicas. Na comunidade onde cozinha popular é algo forte, também tinha gente preparando comida.
Em meio à solidariedade, alguns moradores reclamaram de pessoas que não são da comunidade e foram até lá para receber as doações que eram voltadas para quem foi afetado pelo incêndio.
A dona de casa Nilza Maria Gomes Leão morava com o marido e disse que perdeu tudo o que tinha. “Na hora foi um sufoco, eu vim correndo para apagar, mas foi muito difícil. Ninguém ficou com nada. Todo mundo aqui perdeu tudo. Foi um horror”, disse.
O pescador José Gilson Nascimento Cordeiro morava com a mulher em um barraco que não pegou fogo, mas terminou sendo derrubado para dar acesso ao local do incêndio. Ele tentava encontrar alguma roupa ou pertence entre os escombros.
“Não foi atingida pelo fogo [a casa], mas o povo teve que derrubar para apagar o fogo que já estava ao lado. Então não posso fazer nada. Tiveram que invadir e derrubar tudo. E eu fiquei na rua”, afirmou.
Coordenadora do Movimento de Mulheres das Palafitas da Ponte do Pina, Ivanise Serafim da Silva tem 11 filhos e ficou sem ter onde morar com eles.
“Perdi tudo. Sou mãe de 11 filhos e estou sem ter onde dormir com os meus filhos, meu marido desempregado. E várias e várias pessoas na mesma situação”, declarou.
Entenda o caso
O incêndio que atingiu as palafitas começou por volta das 16h30 da sexta (6). O Corpo de Bombeiros informou que enviou dez equipes para o local e que ninguém ficou ferido. Era possível observar chamas saindo das moradias de madeira, que ficam bem perto da Ponte Agamenon Magalhães, uma das principais ligações entre a Zona Sul e o Centro da cidade.
Por volta das 18h, os bombeiros informaram que o “incêndio tinha sido controlado”. “As equipes trabalhavam, depois desse horário, combatendo os pequenos focos e no resfriamento do ambiente”, informou. Às 19h20, os bombeiros ainda atuavam na área. Havia focos de fogo perto da ponte.
Alguns moradores choravam e gritavam ao observar moradias pegando fogo enquanto bombeiros passavam com mangueiras para debelar as chamas.
Moradores da área usaram barcos para recolher água do rio e jogar na área incendiada. Um helicóptero foi acionado para ajudar na operação.
Quem vivia nas palafitas ficou desolado. Os moradores diziam que muita gente “perdeu tudo”.